Liderança está relacionada à comunhão e relacionamento.
Continuação do 3º Capítulo de Liderança pertence a Deus, discipulado a nós.
A queda de Adão e Eva abriu um abismo que separa o homem de Deus. Porém, nem o pecado foi suficiente para apagar o amor que Deus sentia pelo homem. Ao longo da história, Deus tenta reaproximar-se e restabelecer o relacionamento com o seu povo. Moisés viveu grandes experiências na presença de Deus. Moisés tinha intimidade a ponto de dialogar com Deus face-a-face. Porém Deus não desejava se relacionar apenas com Moisés, Deus almejava habitar no meio do Povo, razão pela qual ordenou a construção do tabernáculo.
Porém a Nação Santa, em alguns momentos parecia cada vez menos desejosa de restaurar esta comunhão. A história do povo de Deus é marcada por rebeldias, incredulidade, idolatrias e cativeiros. Estava suficientemente claro que eles não pretendiam entregar o governo e a liderança nas mãos de Deus, haja visto o episódio em que o povo de Israel pediu ao profeta Samuel um rei. O profeta tomou o pedido do povo como uma afronta pessoal contra ele, que exercendo a função de juiz, intermediava a vontade de Deus no meio do povo. O Senhor tranquilizou Samuel:
“E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles”. 1 Samuel 8:7
Mais uma vez, obtivemos a prova concreta de que a humanidade rejeitou a liderança de Deus para seguir o seu próprio caminho e suas próprias vontades. Por esta razão, após a queda, distanciou-se o homem de Deus. Até mesmo no tabernáculo o acesso ao seu interior era restrito ao sacerdócio. O caminho até Deus permaneceu fechado até a morte e ressurreição de Jesus Cristo, reconciliando novamente Deus ao homem e abrindo o caminho que nos leva até Deus.
A ascensão de Jesus aos céus, como refletimos no começo do capítulo, marcou a transferência do ministério humano para as mãos dos discípulos que deram início à Igreja. Entretanto, a liderança (etapa que compõe o ministério espiritual) permaneceu nas mãos do Senhor, que não a transferiu para ninguém. O governo de Deus ao homem se estabeleceu por intermédio da Lei e dos Profetas. Entretanto, Jesus Cristo enquanto possuía em suas mãos o ministério humano, disse: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mateus 5:17). O que quer dizer que Jesus foi o cumprimento da Lei. A Lei cumpriu-se nEle.
Uma vez que a Lei cumpriu-se em Jesus, entendemos que o governo espiritual e o ministério espiritual também cumpriu-se nEle. Por esta razão, é Ele quem detém a liderança em suas mãos. Exatamente como explanamos no começo do capítulo, o governo pertence a Jesus através de um reino que agora é espiritual, mas que um dia se tornará físico. Os profetas e homens de Deus deram testemunho sobre este reino:
“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo”. (Isaías 6.1)
“E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lucas 1:33)
“E o que estava assentado [no trono] era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda”. (Apocalipse 4:3)
... E o discipulado Deus deu aos homens.
Entretanto os homens têm desvirtuado o sentido original e bíblico deste conceito tão maravilhoso de discipulado. Os homens têm tentando tomar para si a liderança e não ao discipulado.
Jesus disse: “... como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim”. (João 15:4b). E por meio destas palavras temos uma explanação didática daquilo que o Senhor espera de seus discípulos. Jesus estabelece claramente quais são os papéis de cada parte envolvida no Reino de Deus ao definir: “Eu sou a videira e vós os ramos”.
O que Jesus está dizendo de uma forma bastante clara aos seus discípulos seria: “Vocês precisam estar conectados em mim! Vocês não poderão produzir fruto sozinhos! Eu produzo fruto porque Eu Sou a Videira! Vocês precisam parar de tentar produzir fruto! O seu papel é ser ramo”. Sim, meus amados leitores, estamos chegando ao desfecho deste capítulo e você não compreendeu errado: Assim como os ramos dependem da videira para produzir fruto, todo bom discipulador necessita do Senhor para produzir igualmente seus frutos. Nenhum de nós somos capazes de produzir frutos sozinhos, aliás tampouco seja este o nosso papel. O nosso único trabalho é estar conectado na videira e deixar que ela produza os frutos através de nós.
Talvez seja esta a causa que justifica tantos obreiros abandonando o seu posto, abrindo mão do chamado e se apostatando da fé: estão cansados, exaustos de tentarem produzir frutos sozinhos... e obviamente, não chegaram e tampouco chegarão a lugar nenhum. É assustador como eu tenho visto, aqui na minha cidade, a grande quantidade de obreiros e pastores abandonando a fé.
Talvez seja este o motivo que nos remeta a compreender a crise da igreja contemporânea. Você já parou para observar quantos subterfúgios são criados pelos pastores e líderes da igreja contemporânea, na tentativa desesperada de atrair jovens aos seus templos? Tenho me chocado com a enorme quantidade de heresias que estão sendo criadas dentro das igrejas, na maioria das quais, já não se pregam mais sobre salvação e mudança de vida.
A moda hoje é ser gospel: Balada gospel, festa junina gospel, carnaval gospel, show gospel, artista gospel, cantor gospel, teatro gospel! Os argumentos que observamos da liderança são quase sempre os mesmos: atraem os jovens! Mas se refletirmos a luz da Palavra, irmãos, certamente encontraremos os argumentos verdadeiros para refutar falsas doutrinas.
A “liderança” da igreja contemporânea tem se desviado da essência original do discipulado que nos foi confiado por Cristo ao ascender-Se ao Céu. Os princípios segundo os quais se baseiam o “discipulado moderno”, são princípios humanos, carnais, antibíblico, pautados em uma teologia dotada de falácias e de valores humanos construídos segundo os interesses da sociedade em que vivemos.
Estes princípios espirituais são pouco eficazes para a propagação contínua do Evangelho, a prova é que na mesma proporção em que milhares de pessoas têm se achado às igrejas, outros tantos de milhares têm se afastado e regressado para suas práticas mundanas antes da conversão. Às vezes observo um grupo variado de pessoas que iniciaram sua carreira na fé juntamente comigo e que hoje, ao voltar para a sua natureza carnal, são mais ímpias do que antes da ‘conversão’.
O que torna eficiente a propagação do Evangelho da Paz não são as festas gospel, não são as baladas gospel, não são as campanhas da rosa ungida, do sabonete ungido, do bombom ungido, da vassoura ungida. O que torna eficiente a propagação do Evangelho da Paz é o fato de nós, discipuladores, conduzirmos nossos discípulos a viverem uma vida reta de comunhão, de intimidade e de obediência a Deus. O que torna eficiente a propagação do Evangelho da Paz é o fato de nós, discipuladores, provocarmos nossos discípulos a viverem uma transformação radical de vida, abandonando suas velhas práticas e realmente nascendo de novo. É o fato de nós, discipuladores, ministrarmos a Palavra de forma a construir em nossos discípulos uma fé sólida, madura, de resultados práticos e capaz de vencer todas as adversidades. É o fato de construirmos vidas consolidadas! E tudo isto há de ser feito sob liderança da Cabeça da Igreja que é Jesus, o rei dos Reis, Senhor dos senhores... À quem pertence a LIDERANÇA.
Isto fará, certamente, com que nossos discípulos não abandonem a Cristo diante do primeiro problema a ser resolvido. Já vi igrejas fazerem a balada gospel assim como várias outras mobilizações juvenis, aglutinando milhares de jovens em apenas um único trabalho. Mas, muito poucos destes jovens, realmente viveram uma transformação capaz de leva-los a exercer uma fé consolidada. Já participei de cultos de jovens, “louvorzão” que chegaram a reunir mais de mil jovens em apenas uma noite. Foi um movimento aparentemente tão lindo! Aqueles jovens, todos alegres pulavam, dançavam, gritavam, choravam, se jogavam no chão; mas, nenhum deles sobreviveram ao dia seguinte! Nenhum deles permaneceram na igreja no culto de oração posterior! Nenhum deles se entregaram realmente a uma mudança de vida.
Não são as festas gospel que atraem jovens ao Senhor.
Samuel, ainda criança, foi entregue por sua mãe Ana ao sacerdócio. Cresceu sob a responsabilidade espiritual do Sacerdote Eli e mesmo sendo ainda jovem e mesmo vivendo em meio a um sacerdócio corrompido, Samuel cultivou amor e temor a Deus. Ainda novo, desenvolveu responsabilidade com as coisas de Deus. E o que dizer de José? Aos dezessete anos de idade foi jogado em poço, vendido como escravo. Passou toda a sua juventude, encarcerado dentro de uma prisão. O que o atraia ao Senhor? Balada Gospel? Carnaval Gospel? O Sabonete ungido? Certamente não! O que o atraia ao Senhor era o temor que tinha ao se recusar deitar-se com a esposa de Potifar, o que o atraia era seus sonhos e sua visão que estavam além das circunstancias que o oprimia. E de onde vinha esta fé ou esta certeza? De um eficiente trabalho de discipulado realizado pelo pai Jacó.
Timóteo era um jovem pastor e evangelista de sua época. Foi instruído pelo apóstolo Paulo para o serviço ministerial. Era reconhecido alguém de coração e sentimentos verdadeiros, alguém responsável e temente a Deus! O que motivava Timóteo? A campanha da flor? A campanha do sal? A festa junina gospel? Não! Timóteo foi discipulado pelo apóstolo Paulo, que o considera como filho na fé. Cresceu sob os ensinamentos do apóstolo de Cristo. Foi instruído, aprendeu a se relacionar com o Senhor, aprendeu a ter uma vida de santidade, de serviço, de busca. E não é só isso... ainda em sua juventude foi discipulado e instruído também pela sua mãe (Eunice) e sua avó (Loide) que o instruíram no caminho da Paz e da vontade de Deus.
Como pudemos observar, a chave do sucesso ministerial está no discipulado. Um discipulado eficiente, pautado nos valores corretos, que nos foi entregue através de Cristo. Não é um discipulado qualquer, pautado em um ensinamento qualquer, mas um discipulado que segue um padrão, um parâmetro, uma diretriz. Veja o que Jesus disse: “Portanto ide, fazei DISCIPULOS de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ENSINANDO-OS a guardar TODAS AS COISAS QUE EU VOS TENHO ORDENADO”. (Mateus 28:19-20a).
Como podemos observar segundo as palavras do próprio Senhor Jesus, este discipulado segue um princípio. Não se trata de um discipulado segundo a nossa opinião, não segundo a nossa vontade, não segundo o nosso juízo de valores, não segundo nossas doutrinas humanas, não segundo as nossas crenças pessoais, não segundo as nossas religiões, não segundo as nossas tradições... Se trata de um discipulado segundo aquilo que Jesus nos tem ORDENADO, conforme o texto que lemos acima. Este é o grande desafio da igreja contemporânea. Isto é o que o Senhor Jesus espera de nós, discipuladores e discípulos, pregar um evangelho não segundo a vontade do homem, mas que confronte o falso moralismo, as idolatrias, os erros doutrinários; que conduza a nossa sociedade a um caminho da Verdade e da Santidade. E alcançaremos isto defendo os pressupostos da Palavra apenas, e não divulgando subterfúgios ou chamarizes.
Para encerrar esta etapa, gostaria de refletir sobre a vida de Martinho Lutero, um padre católico do século XVI, professor de Teologia, que ao ter um encontro verdadeiro com Cristo, abandonou todas as suas falsas crenças, todas as suas tradições, todos seus costumes, todos os seus juízos valores; passando a agarrar-se na única verdade, a qual passou a defender com unhas e dentes. Lutero marcou a história por confrontar todo um sistema religioso corrompido da sociedade da época, que trazia prisão e mergulhava a sociedade medieval a um obscurantismo que os distanciavam cada vez mais do Senhor. Lutero, cheio do Espírito Santo e cheio de ousadia, colocou a sua própria vida em risco ao lutar contra a religiosidade desta época.
Os frutos desta grande revolução espiritual são notórios para nós hoje: a liberdade de fé, liberdade de culto a Deus, a livre interpretação das Escrituras e a crença de que só Jesus Salva, não havendo atalhos ou outros caminhos. A obra reformadora de Lutero estimulou a humanidade a praticar uma fé viva em Cristo, resultando na transformação de vida e no caminho da Santidade. Este é um grande exemplo e modelo de um discipulado que serve de parâmetro para nós, de forma a nos fazer enxergar que é, sim, possível! É possível trabalharmos pela verdadeira doutrina! É possível vencermos a religiosidade que cega a igreja contemporânea e leva-la a conhecer a face do Senhor de uma forma como nunca conheceram! É possível viver uma vida plena, de santidade, de fé e de comunhão com Deus, mas isto só se torna possível através do verdadeiro discipulado.
“Qualquer ensinamento que não se enquadre nas escrituras deve ser imediatamente rejeitado, ainda que faça chover milagres”. _(Martinho Lutero).
Este capítulo foi escrito pelo Prof. Fabio Luiz de Souza,
Presidente do Ministério Frutos de Justiça.
http://www.frutosdejustica.com/
DISCIPULADO CONFORME O CORAÇÃO DE DEUS
Jr. 3:15 “E Dar-Vos-Ei Pastores Segundo O Meu Coração, Os Quais Vos Apascentarão Com Ciência E Com Inteligência”
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DISCIPULADO CONFORME O CORAÇÃO DE DEUS
ISBN NUMBER: 978-0-9881063-2-1
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