3º Capítulo = Liderança pertence a Deus, discipulado foi entregue a nós.
“Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do
Pai, do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que
eu vos tenho mandado” (Mt. 28:19-20)
Eu início este
capítulo estabelecendo uma reflexão sobre o versículo mencionado acima. Escolhi
este texto, especificamente porque este texto não é um texto comum; ao
contrário, se analisarmos cuidadosamente, exegeticamente, vamos perceber que
este texto de Mateus 28 é um diferencial dentro das Sagradas Escrituras por
possuir singularidades que nenhum outro possui, quando o assunto é discipulado.
A partir de um
pequeno texto de poucas linhas podemos extrair revelações poderosas deixadas
pelo nosso Senhor Jesus Cristo. Primeiramente compreenderemos este texto
isoladamente, posteriormente o compreenderemos dentro de um contexto maior que
são os aspectos e fundamentos teológicos do Novo e a partir de então o
compreenderemos em relação aos ensinamentos práticos que ele nos oferece em
relação ao discipulado como ministério humano e a liderança como ministério
Divino.
O texto do “ide”
em Mateus 28 constitui-se em um elo, uma ligação. O elo que liga dois momentos
históricos específicos, envolvendo o povo de Deus. O elo que liga o final do
ministério humano e o início do ministério espiritual de Jesus Cristo. O elo
que liga a conclusão da obra expiatória de Cristo com o início do discipulado.
O elo que torna os discípulos em apóstolos. O elo que liga a conclusão dos
Evangelhos e o início dos atos apostólicos. O elo que inicia a história da
Igreja. O elo que coloca em prática todos os preceitos recebidos e absorvidos
pelos doze ao longo dos três anos em que se desenvolveu o ministério humano de
Jesus.
Jesus estava na
Galileia, junto a seus discípulos, prestes a encerrar a etapa humana de seu
ministério de discipulador: ganhou, consolidou vidas; realizou milagres e
prodígios:
ü Curou um
leproso, o criado de um centurião, a sogra de Pedro (Mateus 8);
ü Apaziguou uma
tempestade e expulsou demônios (Mateus 8);
ü Curou um
paralítico, uma mulher com fluxo de sangue, dois cegos e um mudo (Mateus 9);
ü Curou um homem
que tinha uma das mãos mirrada (Mateus 12);
ü Andou sobre o
mar (Mateus 14);
ü Multiplicou pães
e peixes (Mateus 15);
ü Transfigurou-se
junto aos discípulos (Mateus 17);
ü Curou um
lunático (Mateus 18);
Todas estas
maravilhas foram contabilizadas apenas no Evangelho de Mateus, isto sem contar
outros milagres que Jesus eventualmente possa ter realizado sem que estes
fossem registrados nos Evangelhos.
Porém o
ministério humano de Jesus não constitui apenas de milagres. O Senhor Jesus,
como líder nato que era, também se preocupou em construir um legado (o que deve
ser alvo de preocupação de todo discipulador), também se preocupou em fazer
discípulos, também se preocupou em consolidar e treinar estes discípulos,
também se preocupou em preparar sucessores que pudessem colocar em prática
estes ensinamentos para gerarem novos discípulos.
Ao longo de três
anos de ministério humano, Jesus Cristo formou estes discípulos naquela que eu
costumo chamar de Primeira Faculdade Teológica Cristã da história, aonde ele
mesmo foi o reitor e o professor que trouxe um ensino inovador e diferente de
tudo o que as pessoas tinham visto naquela época. Um ensino prático que rompeu
com todo o tradicionalismo e que colocou em xeque o sistema religioso da época.
O ensino era
basicamente simples, e sua essência rompia com toda a superficialidade presente
nos ensinamentos dos escribas e dos fariseus, estabelecendo um padrão de
valores eternos e imutáveis que devem nortear a vida de todos aqueles que
desejam segui-Lo. Por meio destes ensinamentos, Jesus firma os princípios
espirituais do Reino de Deus, a Constituição Celestial. É por esta razão que
todas as vezes em que os fariseus tentavam acusar Jesus segundo as tradições
judaicas, Jesus estava um passo à frente demonstrando aquele que toda
complexidade da Lei era insuficiente e superficial em face do padrão ético e
moral do Reino de Deus. Estes ensinamentos, eram ofertados gratuitamente em
locais comum como montanhas e praia. Eram recebidos por meio de ensinamentos,
sermões proféticos e parábolas.
Retornando agora
ao texto de Mateus 28, após sofrer a terrível morte vicária na Cruz, trazendo
redenção a humanidade, Jesus estava ressurreto e novamente reunido com os seus
discípulos, que dali a alguns minutos se tornariam os primeiros discipuladores
da Igreja. A preocupação de Jesus, agora, era transferir o ministério humano
aos seus discípulos; transmitir a eles as últimas instruções antes de se
ascender aos Céus para iniciar o seu ministério espiritual.
O “ide, fazei discípulos de todas as
nações” coloca fim ao ministério humano de Jesus. Transfere aos novos apóstolos
a responsabilidade de manter o legado exatamente da forma como Jesus
estruturou, pautado nos mesmos princípios, nas mesmas leis, nos mesmos valores.
Os apóstolos assumem o trabalho de discipulado que deu origem a Igreja; e o
Senhor, assume a liderança. Jesus instrui os discípulos a permanecerem em
Jerusalém:
“Ficai, pois em Jerusalém, até que do alto
sejais revestidos de poder” (Lc. 24:49). Esta ordem era basicamente
simples: Eles necessitavam do Batismo com o Espírito Santo, uma vez que é o
Espírito, o agente realizador de toda e qualquer obra. Podemos considerar que o
poder do Espírito Santo através da Igreja é a característica mais forte do livro
de Atos dos Apóstolos (aonde se cumpriu a profecia de Jesus). Por este motivo,
iniciei o capítulo afirmando ser o “ide” o elo que liga a conclusão dos
Evangelhos aos atos apostólicos, pois se analisarmos o próprio livro de Atos,
concluiremos que ele é uma continuidade dos Evangelhos, de forma a estar ligado
a eles através do “ide”.
O Espírito Santo
é capaz de mudar vidas. É o poder do Espírito na vida de Jesus que o autorizou
a pregar o Reino de Deus e executar sinais. O mesmo poder do Espírito (Atos 2)
transferiu a mesma autoridade aos discípulos. Portanto, Jesus é o maior
estereótipo de uma vida plena, cheia do Espírito e habilitada pelo Espírito. A
presença do Espírito Santo na vida de um cristão dirige os seus atos, os seus
pensamentos, as suas palavras e as suas escolhas; ou, pelo menos deveriam
dirigir. Por esta razão, a liderança pertence ao Senhor.
O Senhor Jesus,
agora nos Céus, assume o seu ministério espiritual: interceder por nós a
direita do Pai (Conforme Rm. 8:34) e governar através de um reinado que por
hora é igualmente espiritual, mas que futuramente ao cumprir-se as profecias,
será um reinado físico, que se estenderá a todos os povos, línguas, raças,
tribos e nações.
“E reinará eternamente na casa de Jacó, e o
seu reino não terá fim” (Lc. 1:33)
Um governo
espiritual para superar as limitações da liderança humana.
Como está
escrito no título deste capítulo, o discipulado (ministério humano) foi
entregue a nós, mas a liderança pertence somente ao Senhor. E vou te explicar o
porquê...
Desde a criação
humana, o Senhor Deus buscou se relacionar com o homem. Isto é notório, como
percebe-se na passagem do texto de Gênesis 3.8: “E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do
dia”. Esta passagem revela claramente que Deus sentia o desejo de construir
um relacionamento de intimidade e comunhão com o homem.
Deus, por ser criador,
já detinha naturalmente os atributos de Soberania. É interessante quando Deus
questionou Jó, perguntando-lhe “Onde estavas tu, quando eu fundava a terra” (Jó
38:4).
O Senhor, mesmo amando a sua criação, mesmo se relacionando com sua criação, já
havia deixado claramente estabelecido a sua Soberania como líder, como rei.
O Senhor cedeu
ao homem o domínio da terra (Conforme Gn. 1:26), porém apesar de o homem
possuir a autoridade sobre a terra, a autoridade espiritual continuava nas mãos
do Senhor, o Soberano Criador. O relacionamento entre Deus e o homem foi
condicionado a uma lei: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não
comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.
(Gênesis 2:17).
Pela
primeira vez, o Governo Espiritual foi estabelecido sobre a humanidade. Mesmo
Deus tendo fornecido ao homem, o livre-arbítrio, em sua infinita sabedoria
compreendia que o homem não seria capaz de autogovernar, pois se assim o
fizesse causaria sua própria destruição. Por esta razão, a liderança de Deus
sobre o homem era iminente, visto que Adão (recém-criado) não possuía
experiência e maturidade o suficiente para seguir o seu próprio caminho.
Nenhum
ser humano é capaz de se conduzir sozinho. Basta pensarmos que se nos
deslocarmos a um espaço geográfico em que não estamos habituados a ir, se não
recebermos de alguém as devidas orientações, nos perderemos e não chegaremos a
lugar nenhum. Assim como as placas de sinalização e as leis de trânsito além de
orientarem o motorista, o livra de acidentes e percalços na estrada; de tal
forma, o Governo de Deus e suas Leis estabelecidas orientam a humanidade,
também a livrando de acidentes e percalços no caminho. Imagine se não houvessem
leis de trânsito. Imagine se cada um dirigisse como bem entendesse.
Quando era
jovem, um de meus hobbies prediletos era fazer trilhas. Para um “trilheiro”
inveterado, quanto mais difícil o acesso e o percurso ao local, maior será a
adrenalina e o prazer de desbravar o lugar. Entretanto, era muito comum em
nosso meio, notícias de jovens que adentravam matas desconhecidas e muitos,
após se perderem, não conseguiam retornar e faleciam em meio ao trajeto ou ao
desespero. Como sempre responsável, eu orientava meu grupo de que era uma
grande tolice (para não dizer loucura), andar por trilhas sem a devida
orientação de alguém que conhece muito bem aquele ambiente. Seria suicídio. De
tal forma, estabeleceu-se sobre Adão, o Governo de Deus. O Senhor, em seu
infinito amor pleiteava no seu relacionamento de amor e amizade, conduzir Adão
pelo caminho certo.
Entretanto, uma
falha terrível aconteceu. O ser humano sempre ambicionou ter em suas mãos, a
autoridade da liderança. O homem, para o seu próprio infortúnio, sempre desejou
romper com o Governo de Deus para seguir seu próprio caminho e se entregar aos
seus próprios desejos.
“Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus
sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o
mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos
olhos, e árvore desejável para dar
entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele
comeu com ela. Então foram abertos os
olhos de ambos” Gênesis 3:4-7
A queda de Adão
e Eva nos remete a uma linha de raciocínio muito mais complexa do que
costumeiramente imaginamos. O pecado de Adão e Eva não consistiu apenas em
comer o fruto proibido. O pecado de Adão e Eva também consistiu em ambicionar
ser igual a Deus, ambicionar pensar como Deus pensava, ambicionar ter para si
os atributos de Deus. Ambicionar tomar para si o governo, o domínio que
pertence a Deus. As consequências foram terríveis: expulsos do jardim; escravos
da morte física; e o mais grave, ao meu ver, perderam a comunhão e o
relacionamento com Deus.
Este capítulo foi escrito pelo Prof. Fabio Luiz de Souza,
Presidente do Ministério Frutos de Justiça.
http://www.frutosdejustica.com/
DISCIPULADO CONFORME O CORAÇÃO DE DEUS
Jr. 3:15 “E Dar-Vos-Ei Pastores Segundo O Meu Coração, Os Quais Vos Apascentarão Com Ciência E Com Inteligência”
A. PENNER PUBLISHING
Copyright...
DISCIPULADO CONFORME O CORAÇÃO DE DEUS
ISBN NUMBER: 978-0-9881063-2-1
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